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Ricardo Eletro

Nem se assuste quando a natureza resolver se retar


Reeditada‏ por Gervásio Lima 
Baianamente falando, eu acho porreta e providencial as manifestações dos jacobinenses, principalmente de alguns meios de retransmissão de informações da cidade, em relação à queimada da já combalida vegetação da Serra do Cruzeiro.
Talvez por conta da sua localização geográfica, o que lhe permite ser vista de vários pontos da cidade; e da presença de residências, que insistem em invadir o morro, e não tanto pelos estragos ambientais, as queimadas são a notícia da vez.
Como jacobinense, nascido e criado, e como um bom baiano, fico retado como são tratados os problemas do município mais castigado do estado, do ponto de vista ecológico. Concordo plenamente com a preocupação da imprensa. É louvável e politicamente correta. Mas acredito que uma discussão mais abrangente sobre o meio ambiente, como um todo, revelará outros vários absurdos sobre o tratamento dispensado à flora e à fauna de Jacobina.
Assim como no Cruzeiro, as queimadas são constantes nas chamadas ‘serras’ da Bananeira, do Leader, do Pico do Jaraguá, da Pingadeira e outras localizadas fora da visão da população. As queimadas nas serras são como as pixilingas do Colégio Deocleciano Barbosa de Castro, que todo ano era certa sua infestação, mas anos e anos se passavam e nada de concreto acontecia para evitar.
Privilegiada pela natureza, Jacobina possui um dos maiores acervos ecológicos da Bahia, com locais verdadeiramente paradisíacos. Patrimônio natural invejável sim, mas totalmente abandonado, esta é a realidade. A preservação do meio ambiente nunca esteve como pauta principal de planos de governos. O município não discute, de verdade, políticas públicas que venham inibir ações contra a sustentabilidade.
Não existe um órgão municipal, estadual ou qualquer que seja, que atue exclusivamente na proteção e preservação da natureza. E mesmo com tamanho patrimônio natural, a principal porta de entrada da Chapada Diamantina, não possui sequer uma guarda específica para fiscalizar e proteger sua fauna e sua flora.
É clara a necessidade urgente de se trabalhar a sensibilização em conjunto entre poder público e a população com a informação e a ação.
É bom lembrar para as autoridades, especialmente as judiciais, que o crime ambiental nem sempre é tão chocante quanto outros tipos penais, tais como homicídio, roubo, estupro, e outros crimes demasiadamente violentos, que revoltam a sociedade, mas gera prejuízos incalculáveis, inclusive na vida, dos seres humanos.
O escritor Michael Soulé sintetiza seu pensamento a respeito da conscientização ambiental, afirmando que "não conseguimos ensinar as pessoas o amor à vida com argumentos econômicos e raciocínio lógico. A conscientização depende de um sentimento de comunhão com a natureza. Para amá-la, é preciso um contato direto, um pé na trilha, a caminhada em parques, o pôr-do-sol na praça. Não há argumentos que substituem a experiência direta com o mundo natural".

Gervásio Lima – Jornalista e historiado

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