Como é andar no Seven, o carro elétrico do futuro que foi construído em um celeiro
Reprodução GizmodoMOSTRAR MINIATURAS
À
primeira vista, este sósia de Batmóvel parece um projeto de alguém que
ama coisas retrô – mas não é o caso. Sim, esta máquina foi feita à mão
por uma equipe pequena, em uma cidadezinha de 1.200 pessoas no interior
dos EUA; mas ela traz a visão mais nítida que você já viu sobre o futuro
dos carros. O Gizmodo apertou o cinto e saiu com ele em um dia frio no
Brooklyn.
Este torpedo em preto-camurça é o Illuminati Motor Works
Seven, um carro elétrico movido a bateria. Ele foi feito para o
Progressive Automotive X Prize de 2010, que ofereceu US$ 5 milhões a
quem criasse um carro espaçoso, rápido e confiável como uma sedã moderno
– mas com autonomia equivalente a pelo menos 40 km/l.
A equipe
Illuminati não ganhou o prêmio – um problema mecânico desclassificou o
carro na competição final – mas o líder da equipe, Kevin Smith, e sua
equipe melhoraram sua criação nos últimos anos. Aproveitamos para testar
o carro quando Kevin, o escritor Jason Fagone e dois membros da equipe
Illuminati chegaram no Seven para o lançamento do livro Ingenious, sobre
a história do Prêmio Automotive X.
O Seven tem de tudo: é longo
como uma picape grande, fino como um Toyota Prius, e baixo o suficiente
para descansar o cotovelo no teto do carro. Os para-lamas arqueados
reforçam a impressão de que este carro saiu de uma história em
quadrinhos, enquanto o acabamento cromado do farol – vindo de um Ford
1937 – mais as tampas da roda em alumínio e o acabamento fosco lembram
os hot rods, carros modificados das décadas de 20, 30 e 40 que fazem
sucesso entre entusiastas automotivos.
O corpo de fibra de carbono
e kevlar tomou forma em um caderno de desenho. As curvas foram guiadas
pela imaginação de Kevin, e de páginas que ele xerocou de um livro
antigo sobre aerodinâmica. O corpo fica por cima de uma armação de tubos
de aço, aquecidos em um forno a lenha e dobrados à mão para ganhar
forma. “Nós simplesmente usamos força e músculo para dar forma a ele”,
disse Kevin. “Um dos caras [da equipe X Prize do MIT] disse: ‘eles
montaram isso na força bruta’. E é isso mesmo que fizemos.”
O
exterior bizarro dá lugar a um cockpit mais familiar quando você entra
pela porta vertical, que abre para cima – Kevin colocou quatro delas no
carro simplesmente porque ele podia. Há um sistema de controle de
temperatura, um rádio com entrada auxiliar, e até mesmo um porta-copos
na frente e atrás. Ah, e nós mencionamos que os bancos traseiros são
virados para trás? Isso mesmo: lá, você fica de olho nos carros que
estão atrás.
O interior cinza, estofado em feltro, é tão espaçoso e
bem equipado como um sedã de dez anos atrás. E para dirigi-lo, bastam
dez segundos para aprender sobre o botão rotativo que alterna entre os
modos Dirigir e Marcha a ré.
Depois que começamos a dirigi-lo, no
entanto, a familiaridade de 100 anos de automóveis a gasolina vai
embora. Andando por uma rua de paralelepípedos, o motor elétrico é quase
imperceptível, emitindo um leve zumbido que acompanha o atrito dos
pneus com a rua. Ao andar entre semáforos, ele faz um barulho não muito
diferente de um silencioso aspirador de pó, mas um que acelera quatro
homens e 1.300 kg de carro por uma rua de Nova York. Ele parece
semelhante a um Toyota Prius em modo somente elétrico, embora talvez
seja um pouco mais barulhento. Comparado aos táxis que se balançavam e
engasgavam ao nosso redor, o motor do Seven tinha um som absolutamente
agradável.
Depois o trânsito se acelerou, e Kevin pisou fundo. O
Seven acelera com uma autoridade surpreendente, seguindo à frente em uma
onda de torque instantâneo. Agora, parece que o aspirador de pó está
irritado, emitindo quase um grunhido agudo. A Illuminati Motor Works diz
que o carro vai de zero a 100 km/h mais rápido do que o carro esportivo
Subaru BR-Z. E eu acredito.
A aceleração é impressionante, mas
não tanto quanto os detalhes ecologicamente corretos do carro. Em testes
oficiais da EPA em uma fábrica da Chrysler, sob as mesmas condições
rigorosas usadas pelos principais fabricantes de automóveis, o
Illuminati Motor Works Seven chegou a 207,5 MPGe.
Isto significa
que este carro, construído por um grupo de amadores em um celeiro, tem
autonomia equivalente a 88,2 km/l. Este calhambeque com 200 cavalos de
potência também chega a 209 km/h, acomoda quatro pessoas de 1,80 m, e
tem espaço para um saco de golfe em seu porta-malas com porta elevada.
Para
efeito de comparação, o Volkswagen XL1 de dois lugares – que a Popular
Science chamou de “o carro mais eficiente de todos” – tem 261 MPG. Mas
ele chega a apenas 159 km/h, tem apenas 74 cavalos de potência e leva o
dobro do tempo para ir de zero a 100. Além disso, ele custou à Volks
incontáveis milhões de euros em engenharia.
O Seven ultrapassa um
Nissan Leaf elétrico em uma prova de arrancadas, mostrando suas luzes
traseiras de LED, e sua bateria tem maior autonomia: 320 km, contra 120
km do Nissan. O único que se equipara é o Tesla Model S, que ganha do
Seven em aceleração e talvez seja igual em autonomia.
É
legitimamente difícil de acreditar. “Quando o Kevin me contou o que o
carro podia fazer, eu pensei que ele estava mentindo”, Jason me disse
depois do meu passeio. “Mas eu pensei que seria interessante
acompanhá-lo, porque se fosse verdade, o que isso significa? Se um cara
em um celeiro, trabalhando com alguns amigos num fim de semana, podia
fazer um carro de 200 MPG, com autonomia de 320 km e velocidade máxima
acima dos 200 km/h, então por que as grandes empresas de automóvel não
conseguem?”
O Illuminati Motor Works Seven não vai roubar clientes
das grandes empresas tão cedo. Kevin investiu US$ 200.000 de seu
próprio dinheiro no carro – “dois Teslas”, diz ele. Ao fluxo constante
de curiosos que passava, ele disse brincando: “qualquer coisa está à
venda pelo preço certo” – mas ele provavelmente não o venderia.
Além
disso, este carro improvisado, por si só, não vai mudar toda a
indústria. Na verdade, ele nem é um protótipo: é um esboço de caderno
que saltou para fora da página e caiu nas estradas rurais de Illinois
por pura iniciativa própria e otimismo delirante. Mas o Seven nos mostra
como é possível ir além do que as fabricantes nos oferecem hoje em dia.
Kevin
Smith está convencido disso, obviamente, assim como a esposa dele, que
comprou um Mitsubishi i-MiEV elétrico para estacionar ao lado do Seven.
Jason Fagione, o autor que começou esta jornada como um cético e
não-viciado em carros, me disse que o próximo carro dele será elétrico.
Parece que o futuro está vindo em nossa direção. Com para-lamas arqueados e portas que abrem para cima.
MSN
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