O Poder Executivo Municipal promover
ou apoiar financeiramente comemorações religiosas, culturais, esportivas,
cívicas e de outras naturezas é absolutamente normal, um importante instrumento
para se valorizar as diversas manifestações artísticas e tradicionais.
Gastar dinheiro público sem
necessidade é uma demonstração de insensatez e irresponsabilidade,
principalmente quando o gasto é realizado para satisfazer apenas ao ego, à
vaidades pessoais, e não para se resolver uma situação de ordem e necessidade
pública. A situação vivida pela quase que totalidade dos municípios baianos é
de desespero financeiro. A histórica estiagem que dizimou a agropecuária de
mais da metade das cidades baianas trouxe, além do desalento, um prejuízo
social nunca visto pelos que vivem no, e do campo.
Além de serem os principais
agentes geradores de receitas da maioria dos municípios brasileiros, os poderes
executivos municipais são também os maiores empregadores. Em muitos lugares as
receitas recebidas através de repasses estaduais e federal não raramente são
suficientes para pagar o salário dos servidores e as contas junto a alguns desajuizados
fornecedores.
Que os municípios passam por
grandes dificuldades financeiras muita gente sabe, seja através dos órgãos
representativos ou até mesmo pela choradeira cotidiana dos gestores, mas o que
muita gente não sabe e que com certeza morre de curiosidade para saber, é como
se consegue realizar grandes eventos festivos, gastando um ”tri bi” de dinheiro
público, enquanto a população é cerceada de direitos fundamentais como o acesso
à saúde, à educação de qualidade, entre outros.
Prefeitos de cidades que não
conseguem resolver problemas elementares insistem em usar o erário público como
extensão de suas economias pessoais; e o pior, escancaradamente, inclusive com
o apoio de atores midiáticos, preocupados também com os benefícios e vantagens
que por ventura venham a receber.
A penúria e o sofrimento das
populações, muitas com características sadomasoquistas, não são observados.
Mesmo sem atendimento médico-hospitalar adequado, sem infraestrutura mínima
necessária, sem investimentos humanos e sociais, o povo, potencial “botador e tirador”
de bons e maus políticos no poder, sobrevive sempre na esperança de dias
melhores.
Realizar festa com o dinheiro que
deveria ser do povo ou para o povo é crime, incoerência e ato de cinismo.
Apoiar tal gasto é tudo isso e mais um pouco.
Forte é o povo!
Gervásio Lima
Jornalista e historiador
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