O
gótico e o lúdico
Que a cidade de Salvador é uma
terra de alegria, de magia e um dos destinos turísticos mais visitados do
Brasil por turistas dos mais diversos lugares do planeta, todo mundo, ou quase
todo mundo, sabe. Que o município que possui apenas pouco mais de 700 quilômetros
quadrados, uma população estimada em cerca de 3 milhões de habitantes, sendo o município
mais populoso do Nordeste, o terceiro mais populoso do Brasil e o oitavo mais
populoso da América Latina, foi a primeira sede da administração colonial portuguesa
do Brasil (até 1763) e a cidade é uma das mais antigas da América, provavelmente
quase ninguém sabia.
Com características singulares,
principalmente no que diz respeito às arquiteturas dos antigos casarões e das
372 igrejas católicas construídas com os seus mais diversos estilos, que vão do
barroco ao neogótico, à cultura e aos costumes herdados dos antepassados, os
seus mais de 50 quilômetros de praia... , Salvador, detentora da maior festa
popular do mundo, o Carnaval, oferece ainda outras incontáveis atrações
turísticas.
A cidade é conhecida ainda como a
“capital cultural do país”, berço de grandes nomes no cenário artístico, com
destaque mundial. Como disse Caetano Veloso, “Salvador é uma cidade grande”, ao
referir à sua grandeza artística, cultural e de relevantes bens materiais e
imateriais.
Mas, como qualquer outro aglomerado
urbano, a cidade de Salvador sofre com uma série de problemas, infelizmente,
comuns nos grandes centros. A mobilidade e a violência lideram o ranking dos
maiores problemas, mas a capital da Bahia sofre, e muito, também com a desigualdade
social, o turismo sexual, desemprego e o crescimento desordenado (a favelização).
A cidade possui a nona maior concentração de favelas entre os municípios do
Brasil com 99 favelas.
Não muito diferente de pequenos
municípios do interior baiano, a maior cidade do Estado precisa melhorar em
diversos aspectos essenciais, como atender satisfatoriamente as necessidades
básicas da sua população e dos visitantes. Para um lugar que sediará jogos da
Copa do Mundo e das Olimpíadas, muita coisa precisa mudar ou ser corrigida.
Serviços como uma simples entrega de pizza em domicílio não funciona após às 23
horas. Outro ‘deus nos acuda’ é precisar de transporte público após este
horário. A cidade literalmente para.
O Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano, instrumento básico de um processo de planejamento municipal para a
implantação da política de Desenvolvimento urbano, servindo para nortear a ação
dos agentes públicos e privados, não existe ainda na cidade que completou este
ano, 265 anos de fundação.
Falta de planejamento e
responsabilidade social, dois itens que justificam o estado de penúria que se
encontra Salvador. Falácias políticas de gestores municipais sempre predominaram,
em detrimento de ações reais e concretas.
As intervenções, já notáveis, realizadas pelo governo do Estado na
infraestrutura da cidade, com construções de viadutos, duplicações de vias e
construções de novos corredores de tráfegos são, talvez, as maiores obras que
Salvador recebeu nos últimos 40 anos.
Gervásio Lima - Jornalista e historiador
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