Funcionários recebiam até R$ 4 mil por mês para executar o serviço.
PF apreendeu caderno com dados de possíveis vítimas.

Polícia Federal cumpriu 15 mandados de prisão (Foto: Gilmar de Jesus/Divulgação)
A Polícia Federal (PF) cumpriu 15 dos 18 mandados de busca e apreensão
expedidos durante a Operação Metamorfose, deflagrada na manhã desta
quinta-feira (8), em Porto Velho. As investigações apontaram que
funcionários dos Correios, da Receita Federal e comerciantes atuavam no
desvio de cartões de crédito, utilizados em compras em estabelecimentos
comerciais. Em uma loja de eletrodomésticos, criada para lavar o
dinheiro do crime, segundo a PF, foi apreendido um caderno contendo
dados pessoais e bancários de possíveis vítimas.
De acordo com o superintendente da PF em Rondônia, Donizete Tambane,
foram identificadas duas quadrilhas que atuavam de forma semelhante,
porém não se comunicavam. Os cartões de crédito eram desviados por
carteiros das agências do Correios de Porto Velho, que recebiam para
realizar o serviço. “Identificamos que um dos funcionários recebia da
quadrilha um valor de R$ 4 mil para realizar o desvio”, diz Tambane.
O superintendente explica que uma das quadrilhas contava com a
participação de uma funcionária da Receita Federal, que repassava aos
criminosos os dados pessoais dos titulares dos cartões de crédito.
“A partir desses dados, como RG e CPF, os criminosos solicitavam novos
cartões de crédito em nome das vítimas”, relata Donizete. Os endereços
originais dos titulares do cartão também eram alterados, a fim de
desviar as faturas. A funcionária recebia de R$ 50 a R$ 100 por cada
informação passada aos criminosos.

Mercadoria apreendida em loja usada para lavar o
dinheiro da fraude (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)
dinheiro da fraude (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)
Três comerciantes também foram presos suspeitos de participar da
fraude. De acordo com o titular da Delegacia de Repressão a Crimes
contra o Patrimônio e ao tráfico de Armas (Delepat), Celso Mochi, as
compras nesses estabelecimentos eram facilitadas e o valor da compra era
dividido entre as partes. “Uma das quadrilhas chegou a montar uma loja,
utilizada para lavagem de dinheiro”, afirma Mochi.
Durante a apreensão, a PF localizou um caderno com dados pessoais,
bancários e ainda a profissão de possíveis vítimas. "Entre os nomes
estão juízes, delegados, promotores, em geral funcionários públicos",
relata Celso Mochi, ainda segundo ele, todos os dados serão
investigados, a fim de confirmar a veracidade de cada um.
A PF estima que durante os oito meses de investigação as organizações
criminosas tenham movimentado um montante em torno de R$ 3 a R$ 4
milhões.
Ao todo foram expedidos18 mandados de prisão pela Justiça Federal de
Rondônia, 30 mandados de busca e apreensão e seis mandados de sequestro
de bens, cumpridos em Porto Velho, Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste e
Rio Branco (AC). Três suspeitos estão foragidos.
Os suspeitos serão indiciados pelos crimes de estelionato, receptação,
formação de quadrilha, falsidade ideológica, peculato, corrupção passiva
e ativa, violação de sigilo funcional e lavagem de dinheiro, de acordo
com o envolvimento de cada um. G1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário