A reeleição do presidente dos Estados Unidos (EUA), Barack
Hussein Obama, ocorrida esta semana, além de uma demonstração de reconhecimento
e aprovação de uma gestão pública, é um fato histórico, uma demonstração de nação
emancipada democraticamente de fato, sem preconceitos e, ou, quaisquer outras formas
de discriminação por conta de raça, gênero, etnia e outros. Obama se reelegeu
graças aos mesmos grupos de 2008: mulheres, negros, latinos e jovens.
Depois
de pouco mais de cinco décadas do fim oficial da segregação racial (os negros
eram considerados inferiores intectual e moralmente), do chamado ‘apartheid
estadunidense’, quando os afro-americanos sofriam toda espécie esdrúxula de discriminação,
com cerceamentos que iam desde a proibição de frequentar os mesmos lugares que
os brancos a serem transportados apenas em ambulâncias segregadas, a maior
potência mundial do ponto de vista político, bélico e econômico, concede um
segundo mandato consecutivo a um negro, filho de um imigrante africano e uma pobre
americana branca.
A forma de governo dos EUA e Brasil são idênticos, regime democrático com presidente da república, governadores nos estados e prefeitos nos municípios. O que difere é a forma de eleições dos governantes, que no Brasil é a população que vota e elege os candidatos e nos EUA os candidatos são eleitos pelos delegados dos Colegiados que são escolhidos através do voto pela população. Mas, ao contrário dos EUA, onde a vontade do povo prevalece, no Brasil ainda persiste a danosa e abominável prática de se utilizar mandatos eletivos para fins meramente econômicos e pessoais.
Evento
tão importante quanto a eleição e reeleição de Barack Obama, foram as eleições
do operário nordestino Luís Inácio da Silva, no Brasil. O sindicalista e também
afrodescendente Lula, contrariando a chamada classe dominante, chegou à
presidência da República para transformar e ser referência no modo de se fazer
política em todo o mundo, principalmente na América Latina. Uma vitória para um
país onde as exclusões e as diferenças sociais são comuns.
Respeitado
mundialmente, assim como Obama, Lula também foi indicado a receber o Prêmio
Nobel da Paz, por sua luta contra as desigualdades sociais. A partir do seu
governo uma quantidade muito grande de pessoas melhorou de vida e alcançou
degraus mais altos na escala social da sociedade brasileira. Recentemente a
Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV) divulgou um estudo no qual
mostra claramente que a vida de milhões de brasileiros teve uma acentuada
melhora nos últimos anos. Milhões de pessoas ascenderam de classes sociais
graças às políticas públicas implantadas e implementadas a partir do mandato de
um ex-torneiro mecânico.
Enquanto
nos EUA existe uma estátua que representa a ‘liberdade iluminando o mundo’, no
Brasil um Cristo Redentor simboliza a fé de um povo que passa a usufruir da
presença do Estado, com reconhecimentos, afirmações, conquistas e o resgate do
sentimento de pertencimento.
Filho
de um operário da construção civil (pedreiro), negro e também americano,
comemoro as quebras de paradigmas sociais ocorridas ultimamente no mundo, em
especial nas Américas e principalmente na ‘latina’, no Brasil.
Sim, nós podemos!
Gervásio Lima
Jornalista e
historiador
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