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Ricardo Eletro

Mapa da violência 2013: jovens negros são as a maioria das vítimas de homicídio no Brasil

 

Esta semana, o Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) divulgou o “Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil”. O autor do projeto, o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, contatou que dos 467,7 mil homicídios contabilizados entre 2002 e 2010, 307, 6 mil (65,8%) foram de pessoas negras.
Nesse período, houve decréscimo de 26,4% nos casos de homicídios de brancos e acréscimo de 30,6% de negros. Nesses mesmos oito anos, foram mais de 231 mil homicídios de jovens, dos quais 122,5 mil eram negros (53,1%). O decréscimo dos casos de pessoas brancas alcançou 39,8% no período, enquanto, entre negros, houve acréscimo de 18,4%.
O autor do estudo afirma que, apesar de chocantes, os números e resultados não conscientizam as pessoas, que se “acostumaram” com a violências às minorias.
“Há um mecanismo perverso que incentiva a tolerância à violência contra os grupos mais vulneráveis, que deveriam ter proteção do Estado: tornar a vítima culpada. Isso ocorre com mulheres, crianças e jovens marginalizados qualificados como traficantes, drogados e arruaceiros. Mas isso vale de uma forma geral”, explicou o autor.
No Mapa da Violência 2013, observa-se a tendência de redução, em números absolutos, dos casos de homicídios de pessoas brancas, e o aumento de vítimas negras. Essa dinâmica se observa em relação à população e entre os jovens.
As informações do estudo confirmam dados do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), de que a população branca tem, em média, rendimentos entre 60% e 70% superiores aos da população negra e sugerem que essa realidade tem relação direta com o atual perfil da violência no Brasil.
De acordo com Julio Jacobo Waiselfisz, um processo de privatização da segurança teve inicio no Brasil nos últimos 20 anos, com a terceirização de serviços e o surgimento de empresas especializadas, assim como já ocorria com outros tipos de serviços públicos, dos quais se destacam a saúde, a educação e a cobertura previdenciária.
“O Estado fornece um nível de serviço para toda a população. Às vezes, esse patamar é tão mínimo que não se oferece praticamente nada. Aí a lógica que prevalece é a de que quem pode, paga a diferença”, disse, ao explicar o porquê de o nível de segurança ser mais elevado em áreas com população de renda mais alta e majoritariamente branca.
A partir daí ainda ocorre um outro paradoxo. Em áreas em que há mais circulação de renda e, consequentemente, interesses econômicos, há a tendência de se chamar mais atenção quando ocorrem atos de violência – tanto em relação à mídia, quanto em relação à pressão exercida sobre o Poder Público. Daí, a segurança pública atua de forma mais incisiva nesses locais, pois, devido à própria renda das pessoas, elas podem arcar com os custos de uma segurança privada.
“Segurança pública também é política, o que reforça que haja mais atuação em bairros abastados e turísticos, por exemplo, do queem favelas. Assim, os abastados têm as duas – segurança pública e privada -, e as favelas, nenhuma”, explicou Waiselfisz.
A conclusão do estudo é a de que a violência na sociedade brasileira, especialmente entre os jovens, é o resultado de um modelo político, econômico e social. “Essas pessoas [jovens entre 15 e 24 anos] são os algozes, mas também as vítimas da violência estrutural da nossa sociedade”, finalizou o autor.

 Revista Afro

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