O ímprobo virou bobo
Para dirimir
dúvida o mais correto, e no mínimo sensato, é recorrer a quem de verdade pode
ajudar, com respostas reais e dentro de um contexto lógico. Com o escrevente
não é diferente. Pintou dúvida no momento da escrita, não titubeie e,
utilizando os preceitos da humildade, busque a didática, seja através de uma
gramática ou de um dicionário.
Partindo dessa
premissa, recorri à semântica, o estudo do significado das palavras, para saber
o que tem em comum, além do som os adjetivos ‘bobo’ e ‘ímprobo’. Entre outros
significados, descobri que bobo quer dizer:
Que ou quem
revela superficialidade, frivolidade (fútil), falta de inteligência (estúpido,
idiota, imbecil, pateta e tolo) e quem é muito ingênuo (simplório e tonto).
Já o ímprobo é
aquele que não tem probidade, que é moralmente mau (desonesto).
A conclusão é um
tanto que estarrecedora. O bobo raramente é um ímprobo, enquanto o ímprobo,
geralmente torna-se um bobo, um inútil, estúpido, idiota, imbecil e outras “qualidades”
que só o bobo deveria possuir. Vai entender...
As fábricas de
óleo de peroba (lustra móveis) não dariam conta de produzir a quantidade suficiente
para atender o grande número de gestores e legisladores públicos caras de pau
existente no Brasil.
Conhecer o significado das
palavras é importante, pois só assim o falante ou escritor será capaz de
selecionar a palavra certa para construir a sua mensagem. Como foi
exemplificado anteriormente é um pouco quanto complicado diferenciar figuras
que mesmo não fazendo parte, necessariamente, da mesma cadeia ou grupo social,
passam a se identificar a partir dos significados que lhe são atribuídos
através dos seus atos ou do posto que ocupem.
Chega a ser repugnante ter acesso
às mais ridículas e nunca convincentes desculpas esfarrapadas de gestores públicos
acusados, e até mesmo já condenados, por quem de direito, arrotar inocência e,
ou, atribuir a culpa em “falha técnica”, por terem suas contas rejeitadas por
irregularidades ao causar prejuízo ao erário atentando contra os princípios
norteadores da administração pública.
Morosidade, lentidão, conveniência, falta de estrutura administrativa e
funcional, interpretação
da legislação de formas diferentes, o que permite recursos, recursos e mais, recursos,
estrutura... o que realmente tem acontecido nas demoras dos julgamentos e
condenações dos acusados de crimes eleitorais e malversação do erário público por
parte da Justiça?
“Quase” que generalizando, o cientista político, Wanderley Guilherme dos Santos*, em um dos seus artigos salienta que “as
autoridades contratadas, via eleições, para administrar os recursos das
comunidades, não estão oferecendo serviços à altura do acordado e o pior, estão
se apropriando ilegalmente de parte desses recursos públicos.
Retornando ao estudo da gramática, e sempre bom lembrar que corrupção é o ato ou efeito de se corromper, oferecer algo para obter vantagem em negociata
onde favorece uma pessoa e prejudica outra. Tirar vantagem do poder atribuído.
Enquanto
honestidade é o ato, qualidade, ou condição de ser honesto, aquele que age
corretamente, mesmo contrariando seus ou próximos interesses, que age com
escrúpulos, com decência, com honradez; que é capaz de ser leal mesmo sem estar
sendo vigiado ou fiscalizado.
Já a ‘humildade’
é a característica de quem tem e se manifesta em virtudes de conhecer as suas
próprias fraquezas e limitações. Sendo o oposto à soberba, ao orgulho, a arrogância
e a presunção. O humilde é aquele que sabe exatamente o seu lugar no
mundo, aquele que respeita, aceita e sabe ouvir.
Gervásio Lima
Jornalista e historiador
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