Fulano será o meu candidato a prefeito na próxima eleição, pois além de ter dinheiro para gastar na campanha é um grande empresário, sabe lidar com finanças. Que nada, sou mais Beltrano, que ao contrário de Fulano que depois que ficou rico nunca mais voltou ao bairro onde viveu a infância e o pior, esqueceu que já foi pobre, está sempre presente. Quero ver Beltrano não cumprimentar a todos, sem distinção, quando encontra na rua. Falar com o povo e não ter dinheiro não adianta nada. O eleitor gosta é de vantagem e não de afago; o dindin é quem manda.
Infelizmente esta triste prosa foi real, ocorrida entre dois moradores de uma cidade que sofre há vários anos com administrações municipais catastróficas. Percebe-se claramente a falta de coerência pública e consciência política. Muitos municípios têm perdido a oportunidade de se tornar capazes em oferecer melhores condições de vida para suas populações em conseqüência das más escolhas nos pleitos eleitorais, principalmente os municipais.
A probabilidade para que ocorram erros e consequentemente decepções é muito maior quando o candidato é escolhido por estigmas. Sem raras exceções, já está mais que provado, por exemplo, que o ‘doutor’ pode ser bom para medicar, no caso do médico, advogar, no caso do advogado e acompanhar e elaborar projetos, como engenheiro. O bom administrador não precisa necessariamente de um título acadêmico ou de um sobrenome tradicional que o acusa como sendo de “família”. Precisa sim, de compromisso e zelo por aquilo que lhe foi confiado em gestar através da mais pura e democrática inocência do voto.
Lamentavelmente, o que geralmente predomina na escolha de um candidato a prefeito é a posição de status que o proponente ora ocupa na sociedade. Ficando de lado conceitos essenciais que identificam o ser humano, como a dignidade e a cidadania. No primeiro parágrafo do texto pode se observar na ‘conversa’ que os cidadãos estão preocupados em se proteger e se defender em favor dos seus interesses. Está convencido que a cordialidade é um importante requisito na escolha do candidato, já que acredita no acesso menos difícil ao possível gestor, enquanto o outro ver facilidade no assistencialismo por vias mercantilistas, como se a credencial para ser timoneiro é ser abastado.
Como no jogo ‘Vai e vem’, onde os jogadores utilizando das forças dos seus braços movimentam a bola de um lado para o outro, nas eleições municipais o que interessa são as forças políticas, surgidas a partir das mais diversas formas esdrúxulas, seja pela força do dinheiro, através da compra dos seus apoiadores ou de se aproveitar de um cargo ou função que exerce. O velho e o novo se confundem e a polarização geralmente acontecem entre o ruim e o ‘menos ruim’; um troca-troca prejudicial para o desenvolvimento social e econômico dos municípios afetados por esta triste realidade.
Neste momento se faz necessário prestar bem atenção nas reais pretensões dos pré-candidatos a candidato. A razão precisa sobrepor à emoção. A biografia do candidato não deve ser subestimada, como também não pode ser a única fonte de consulta. É imprescindível ainda, observar o sentimento de pertencimento e o conhecimento que o sujeito que aspira ser prefeito tem sobre o município que pretende administrar.
Se você pensa
“Daqui pra frente tudo vai ser diferente
Você tem que aprender a ser gente
Seu orgulho não vale nada! Nada!
Você não sabe e nunca procurou saber
Que quando a gente ama pra valer
Bom é ser feliz e mais nada! Nada!” – Roberto Carlos.
Por Gervásio Lima
Jornalista e Historiador
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